Nos últimos meses tem-se falado muito na Triagem de Manchester, associada aos tempos de espera que se praticam em alguns Serviços de Urgência.
Mas afinal, o que é isso da Triagem de Manchester?
A Triagem de Manchester é um sistema de triagem de prioridades que utiliza um protocolo clínico que permite classificar a gravidade da situação de cada doente que recorre ao Serviço de Urgência.
Ao contrário do que algumas pessoas ainda pensam, não são os enfermeiros que “escolhem” a cor da pulseira para o doente. É ainda frequente ouvir alguém dizer “eles põem-nos a pulseira que lhes apetece” . Não, não é assim. O enfermeiro limita-se a seguir um fluxograma de entre os 52 existentes que o vai encaminhando para determinadas perguntas, consoante as respostas do doente. Ou seja, o enfermeiro tem uma série de perguntas, tipo questionário, que vai fazendo ao doente, e, consoante as suas resposta, o sistema encaminha-o para outras perguntas relacionadas com as queixas em questão, até determinar a prioridade clínica e, consequentemente, a cor da pulseira.
Que cores de pulseira existem e o que significam?
Existem 6 cores disponíveis:
Vermelho:Emergente – o doente estrará de imediato na sala a que se destina e por conseguinte, o tempo de espera será de 0 minutos;
Laranja:Muito urgente – o doente entrará para uma sala de espera interna onde o médico o chamará para ser observado e tratado. O tempo de espera deverá ser até 10 minutos;
Amarela:Urgente – o doente urgente deverá ser atendido dentro de 1 hora;
Verde:Pouco urgente – aguardará na sala de espera a sua vez, que será quando não existirem doentes mais graves para serem tratados. Deve ser atendido em 2 horas.
Azul:Não urgente e o tempo de espera pode atingir as 4 horas.
Embora, em muitos casos, na prática, estes tempos de espera sejam superiores, deve-se à falta de pessoal da equipa de saúde e não à má atribuição da cor da pulseira. O sistema de Triagem de Manchester faz o seu papel na perfeição, no entanto, a equipa de saúde não é o suficiente para o atendimento de tanta gente em tempo útil, o que, pode levar ao agravamento da situação clínica do doente que se encontra em espera.
Foi precisamente "os tempos de espera" que me fizeram escrever este post, como deve ter visto na parte inicial do mesmo e desta forma, mostrar que não é a "falta de senso" dos enfermeiros que tem culpa no cartório. Como referiu, teve de esperar 4h30, mas o sistema não tem culpa da falta de recursos humanos que existem nos hospitais. Pelo sistema, o seu tio seria atendido até 1h. O sistema está feito para um serviço nacional de saúde competente, com uma equipa de saúde constituída por elementos suficientes e, neste momento, isso não acontece. E aqui é que incide o problema, não no programa que está mal feito e muito menos na falta de senso dos enfermeiros. O funcionamento dos serviços de urgência, muito se deve à equipa de enfermagem que dá tudo por tudo durante horas a fio. Dão o que têm e não têm e fazem das tripas coração.
O protocolo de Manchester, vale o que vale, sabendo-se que os recursos são insuficientes para o cumprir, até quando a afluência às urgências é diminuto. No inicio deste ano, (ainda não se falava de COVID), o meu pai o meu pai, a um mês de fazer 86 anos, por recomendação da linha SNS24 e após apreciação dos paramédicos do 112, por suspeitas de um enfarte, deu entrada nas urgência do HFF - Amadora / Sintra cerca da 1h da manhã. Foi à triagem poucos minutos após dar entrada nos serviços e foi-lhe atribuída uma pulseira verde. O que não me parece muito adequado nem de muito bom senso, para uma suspeita de enfarte num individuo com 86 anos. Se o sistema funcionasse teria sido atendido passadas 2 horas. Foi chamado para fazer um electrocardiograma 3 horas depois e foi visto por uma médica pela 1ªx, às 8:00 da manhã. Como não fiquei impávido com a situação, consegui apurar que as urgência do HFF nessa noite, tinham um único médico de serviço. Ficou internado em medicina, e lidei com bons e maus funcionários. Não tenho competência para fazer uma avaliação técnica, mas enquanto cidadão, constato que há muito bons e muito maus funcionários. Se não é por incompetência é por negligência, sejam quais forem as razões que a causam. Uns três ou quatro anos antes deste episódio, também acompanhei o meu pai aos mesmo serviço devido a uma queda. Após outra noitada de espera, o meu pai foi mandado para casa c/analgésicos. Umas horas depois tive que o levar de novo à urgência porque estava em sofrimento. Constataram que tinha uma clavicular e 5 costelas partidas. Se isto não é incompetência ou negligência, será o quê? Nos centros de saúde estão habituados a falar com os velhinhos com duas pedras na mão. um dia tive que perguntar a uma senhora do atendimento com quem ela pensava que estava a falar... Mudou logo de atitude. Sou um defensor acérrimo do Serviço Nacional de Saúde. Mas não tenho dúvidas que maior parte dos serviços tem que levar uma volta de 360º