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Aprender uma coisa nova por dia

Nem sabe o bem que lhe fazia

Vamos falar de HIV?

A propósito da forma errada como se aborda o HIV nalgumas escolas, convidei a Fatia Mor a fazer um post para este blog para explicar o que há a perceber sobre este tema que tanto assusta. Ora vamos lá todos ler e perceber que, afinal, não é assim tão difícil.

 

A sexualidade é um campo de vasta exploração pessoal e social. Encerra em si tabus, prazer, reprodução, escolhas e associado a tudo, riscos. Falar sobre os riscos que a sexualidade acarreta implica falar de HIV. A forma humana do vírus da imunodeficiência será, provavelmente, a infecção sexualmente transmissível mais estudada e mais temida por se constituir uma infecção potencialmente letal, com fortes implicações físicas, psicológicas, sociais e económicas para os indivíduos portadores e para os sistemas de saúde pública.

Desde Maio de 1981, em que foram detectados os primeiros casos de AIDS ou SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), muito se evoluiu na compreensão desta infecção.

Actualmente estão reconhecidos duas formas virais, HIV-1 e HIV-2. O HIV-1 é reconhecido como sendo responsável pela epidemia global. É uma forma mais agressiva e de progressão mais rápida. O HIV-2 é de melhor prognóstico que o seu homólogo.

Apesar de inicialmente não se compreenderem perfeitamente os mecanismos de transmissão do HIV, hoje em dia considera-se que existem três grandes formas de infecção:

1) Contacto sexual desprotegido;

2) Contacto com sangue contaminado - situação que só se coloca através do corte com objectos que contenham sangue com o vírus;

3) de mãe para filho no parto ou através da amamentação.

Não obstante o conhecimento que existe actualmente, ainda não foi possível ultrapassar a representação social inicialmente criada, nem as crenças erradas nem os comportamentos discriminatórios relativos aos seus portadores.

Na primeira comunicação que é feita sobre esta doença, até então totalmente desconhecida e sem que existisse algo a que se pudesse assemelhar, esta é referida como sendo uma “praga”. A ideia pegou! E as características das pragas foram “emprestadas” ao HIV/SIDA criando um pânico generalizado que originou discriminação social dos indivíduos seropositivos.

Actualmente já se conhecem bem os mecanismos de actuação e desenvolvimento do VIH. A forma humana do vírus desencadeia um processo viral activo que degenera o sistema imunológico do hospedeiro. Numa primeira fase, a infecção é assintomática. Contudo, esta promove uma degenerescência do sistema imunológico, de carácter crónico e potencialmente letal, não pela infecção em si, mas pelas chamadas doenças oportunistas que se aproveitam do sistema imunitário enfraquecido ou inexistente. O problema não é o sistema imunitário não combater a infecção, mas sim o ritmo a que o vírus se reproduz ser superior à capacidade do organismo o debelar. Assim, cerca de 6 semanas após a infecção primária, já existem anti-corpos para o VIH, que são os elementos detectados nas análises sanguíneas de despiste. Contudo, antes de um período de 3 meses após a infecção primária, não é possível confirmar, com certeza, se existe infecção.

Há também questões que raramente são abordadas mas que devem ser explicadas para compreender melhor a actuação do vírus. São elas a carga vírica e a o tempo de vida do VIH fora do organismo humano. A carga vírica será, em termos simplistas, o número de vírus existentes nos fluidos. Por exemplo, existe carga vírica na saliva. No entanto, a carga é demasiado pequena para causar uma infecção, nem sempre sendo detectada em todos os indivíduos de serologia positiva.

Por outro lado, o tempo de vida do vírus fora do organismo hospedeiro é muito inferior ao que se considerava inicialmente. O HIV é um vírus muito susceptível aos elementos do meio. A temperatura, o álcool, e outros agentes rapidamente o matam.

Desta forma, ideias como a infecção com o sangue da cutícula da unha tem tanta probabilidade de infectar um jovem como este ser atingido por um raio. Ambos são possíveis... mas a sua probabilidade é ínfima.

A maior parte dos programas de prevenção de comportamentos de risco focam-se no risco e no medo. Durante muitos anos, a perspectiva de prevenção era feita pelos aspectos negativos, ou seja, tentando criar o receio suficiente para que o comportamento não ocorresse. Como todos sabemos o medo nunca parou ninguém! E com o passar dos anos compreendeu-se que a abordagem preventiva passa por fornecer a informação adequada à idade das crianças e fomentar essencialmente o pensamento crítico e ferramentas para resistir à pressão dos pares e das normas subjectivas vigentes nos grupos a que pertencem. Assim, a educação para a sexualidade, a saúde mental, a alimentação, a integração social, entre outros, deveria passar sempre pela promoção de comportamentos saudáveis em vez de abordar os comportamentos a evitar.

Mas se os programas pela negativa não funcionam na promoção de comportamentos saudáveis, acarretam outro problema. Criam falsas crenças e medo generalizado. Se continuamos a perpetuar crenças apoiadas em desinformação vamos criar um grupo de jovens com medo, emoção que conduz a comportamentos de discriminação no contexto social e ao mesmo tempo colocará o indivíduo em riscos pessoais desnecessários.

Já agora, o VIH que prevalece em Portugal é o tipo 2, que tem melhor prognóstico e é menos virulento que o VIH-1. Somos também um país com uma taxa de infecção inferior a 1% da população geral e o número de infecções está confinado aos designados grupos de risco. O número de novos casos tem vindo a desacelerar o seu crescimento, mas o aumento dá-se precisamente em jovens heterossexuais. Há, também, um aumento de outras infecções sexualmente transmissíveis que podem acarretar riscos para a saúde pública, como a Clamídia, por exemplo, que ninguém fala e que é cada vez mais comum em jovens adultos.

Há que pensar nisto... E já agora usar sempre preservativo!

 

Em jeito de recta final, e apesar da melhor sugestão que vos podemos dar em caso de terem dúvidas se são, ou não, portadores de HIV ser para fazerem o teste (de forma anónima e gratuita num dos CAD's), podem também consultar os 16 sintomas mais comuns do VIH/SIDA.

Os 16 sintomas mais comuns do VIH/SIDA

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É uma das doença mais temíveis, sem qualquer dúvida. Vi esta reportagem e pareceu-me demasiado importante e que deve ser divulgada por todos os meios.

 

Cerca de 40% a 90% das pessoas infetadas pelo Vírus da Imunodeficiência Adquirida (VIH) apresentam sintomas semelhantes aos da gripe um a dois meses depois da contaminação. Porém, em outras pessoas os sintomas podem demorar anos. Veja aqui quais são os 16 principais sinais que, se forem constantes, devem levá-lo a fazer um teste de sangue.

  1. Febres persistentes - Um dos primeiros sinais pode ser uma febre ligeira, até cerca de 38,9ºC. A febre é muitas vezes acompanhada de outros sintomas leves como fadiga, aumento dos gânglios linfáticos (formação de ínguas) e dor de garganta. A febre indica uma reação inflamatória do organismo respondendo ao VIH que está a tentar replicar-se na corrente sanguínea.
  2. Herpes labial ou genital - Pode ser sinal de que tem VIH ou também pode ser um fator de risco para contrair o vírus. O herpes pode causar úlceras que facilitam a entrada do VIH no corpo durante as relações sexuais. E as pessoas que têm VIH tendem a ter surtos de herpes com mais frequência, porque o vírus enfraquece o sistema imune.
  3. Erupções cutâneas - As erupções cutâneas podem ocorrer no início da infeção. Podem surgir sob a forma de furúnculos, com algumas áreas rosa, coceira nos braços e também no tronco. Se as erupções não são facilmente tratáveis, deve procurar ajuda.
  4. Formigueiro no pé - O VIH pode causar dormência e formigueiro nas mãos e pés quer no início quer na fase final da infeção. É designada por neuropatia periférica, que também ocorre em pessoas com a diabetes não controlada.
  5. Alterações das unhas - Outro sinal de infeção tardia são alterações nas cores das unhas. Maior espessura, curvatura, divisão ou descoloração (preto ou linhas castanhas verticais ou horizontais) são alguns sinais. Muitas vezes, deve-se a infeções por fungos. O sistema imunitário está fraco o que permite infeções mais facilmente.
  6. Rápida perda de peso - A perda de peso é um sinal que a doença está mais avançada e pode ser em parte uma consequência da diarreia agravada.
  7. Gânglios linfáticos inchados - Muitos dos sintomas da presença do vírus da Sida e da Gripe são os mesmos, como dor nas articulações e músculos e gânglios linfáticos inchados. Inspecione as axilas, virilhas e pescoço.
  8. Suores noturnos - Cerca de metade das pessoas têm suores noturnos durante as fases iniciais da infeção pelo VIH. Estes podem ser ainda mais comuns depois da infeção generalizada. Semelhantes ao calor excessivo que as mulheres sentem na menopausa, são difíceis de ignorar.
  9. Diarreia, náuseas e vómitos - Entre 30% a 60% das pessoas com VIH têm náuseas a curto prazo, vómitos ou diarreia nas fases iniciais da transmissão do VIH.
  10. Dor de cabeça e garganta - Bastante comuns a outras doenças, a dor de cabeça e a dor de garganta se forem constantes e sem causa aparente podem dever-se a uma infeção pelo vírus da Sida.
  11. Fadiga - A resposta inflamatória gerada pelo seu sistema imunitário pode fazê-lo sentir-se cansado e letárgico.
  12. Menstruação irregular - Se a doente desenvolver Sida, o risco de ter irregularidades menstruais aumenta. Essas mudanças, no entanto, têm a ver com a perda de peso e com problemas de saúde relacionadas com a infeção.
  13. Pneumonia - Porque o sistema imunitário está débil, infeções como a pneumonia tornam-se mais comuns Outras infeções oportunistas como a toxoplasmose, herpes, fungos podem tornar-se também comuns.
  14. Infeções fúngicas - Outra infecção fúngica que é comum em fases posteriores é a provocada pelo fungo Cândida.
  15. Confusão ou dificuldades de concentração - Os problemas cognitivos podem ser um sinal de demência relacionado com o VIH, o que geralmente ocorre tardiamente no curso da doença. Além de confusão e dificuldade de concentração, a demência relacionada com a Sida também pode envolver problemas de memória e problemas comportamentais, como raiva ou irritabilidade.
    Pode até incluir alterações motoras, tornar-se desajeitado e ter falta de coordenação.
  16. Tosse seca constante - Quando os antibióticos e inaladores não resolvem o problema pode ser um sinal suspeito do vírus da Sida, quando conciliado com outros sintomas.

Se tem vários destes sintomas e tem ou já teve comportamentos de risco, faça o teste. Fale com o seu médico de família ou dirija-se ao Centro de Saúde mais próximo.

Fonte