Rosmaninho branco (ou rosmaninho "albino"?)
Num destes dias, durante uma caminhada, em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, encontrei plantas de rosmaninho diferentes das habituais: para além de não apresentarem a habitual cor roxa, ocupavam, apenas, um pequeno nicho na encosta da estrada.
Por norma, o rosmaninho, planta arbustiva pertencente ao género Lavandula, apresenta flores roxas e ocupa extensas áreas nos campos alentejanos (e não só). Sendo uma planta endémica do sul da Península Ibérica, cujo auge da floração atinge o pico máximo nos meses de março e abril (variável de acordo com as espécies do género), é perfeitamente normal encontrar, nesta época do ano, um elevado número de exemplares da espécie Lavandula pedunculata - o comum rosmaninho roxo.
A dúvida, porém, instalou-se face à ausência da habitual cor roxa nas flores das pequenas plantas observadas. Rosmaninho branco? Ou será uma mutação e estamos perante o designado fenómeno de albinismo, tão comum noutros seres vivos?
A perplexidade (científica) aumentou, ainda mais, quando verifiquei o seguinte: algumas plantas com flores roxas, ostentavam ramos com flores brancas. Fiquei curiosa. Flores de duas cores na mesma planta?
Face às observações, senti necessidade em esclarecer a dúvida instalada. Depois de breve pesquisa, conclui: as “raras” plantas pertencem à espécie Lavandula viridis – o rosmaninho de flores brancas. Quanto à existência de flores de duas cores na mesma planta, o "fenómeno" poderá ter várias origens: enxertos espontâneos? Mutações? A dúvida persiste.
Tendo em atenção a complexidade da fisiologia das plantas, e considerando que a investigação nessa área nos surpreende todos os dias, quem sabe se a ciência já tem uma resposta?
Mas afinal o que há aqui de novo? Nada. Ou muito. Depende da perspetiva de cada um. Para alguns, talvez, a informação de uma nova variedade de rosmaninho, além da habitual; para outros (os entendidos na matéria), talvez, o conhecimento de novo nicho ecológico, de um dos endemismos mais abundantes na Península Ibérica – e em Portugal, particularmente.
Para ambos, eis as fotos captadas durante a “descoberta”:
Nota: segundo dados da investigação científica, os óleos essenciais de plantas do género Lavandula possuem, fundamentalmente, propriedades antioxidantes e antifúngicas, como é o caso da espécie Lavandula viridis.
Informações recolhidas em:
http://www.flora-on.pt/index.php#/1rosmaninhohttp://www.flora-on.pt/index.php#/1rosmaninho
http://www.flora-on.pt/index.php#/1Lavandula+viridis
http://www.uc.pt/herbario_digital/Enc_plantas/rosmaninho
Mais para ver em:
Matos, Fabíola, et al. "Antioxidant capacity of the essential oils from Lavandula luisieri, L. stoechas subsp. lusitanica, L. stoechas subsp. lusitanica x L. luisieri and L. viridis grown in Algarve (Portugal)." Journal of Essential Oil Research 21.4 (2009): 327-336.
Zuzarte, Mónica, et al. "Chemical composition and antifungal activity of the essential oils of Lavandula viridis L'Hér." Journal of medical microbiology 60.5 (2011): 612-618.