Envelhecimento da população e a importância das políticas de natalidade
(Imagem original retirada daqui)
E se ontem falamos de amor, hoje vamos falar de bebés, que de certa forma está relacionado, ou, na minha ótica, deveria de estar.
Há 50 anos, Portugal era um dos países da Europa com a população mais jovem, no entanto a realidade atual é muito diferente. E se o envelhecimento da população significa que as condições de saúde, sociais e económicas sofreram melhorias significativas, o envelhecimento significa também que dentro de alguns anos não teremos jovens suficientes para fazer face aos custos do Estado com os futuros idosos. O que fazer em relação a esta situação?
Ouve-se muito falar em envelhecimento da população, mas o que é que isso realmente significa?
Quando falamos que um país tem uma elevada taxa de envelhecimento, queremos com isso dizer que existe um aumento da esperança média de vida e uma redução da taxa de natalidade. Ou seja, mais idosos e mais velhos, e menos bebés. Quanto ao primeiro fator, como já adiantei, significa que as condições de vida mudaram, e que os nossos idosos hoje têm melhores condições de vida, que os idosos de antigamente. Para terem uma noção, a esperança média de vida em Portugal no ano 1960 era de 64 anos, ou seja, ainda antes da idade da reforma atual, e atualmente subiu para os 81 anos (em 2014), e daí nos últimos anos a idade da reforma ter aumentado, sendo que a tendência será sempre para aumentar, se os ponteiros do gráfico não começarem a inverter. Não quero com isto dizer, obviamente, que não é um sucesso e positivo os nossos idosos viverem mais tempo, quero com isto dizer que deveriam de existir mais bebés.
Para que a substituição plena de gerações seja garantida, o número médio de nascimentos vivos de uma mulher em idade fértil – considerada entre os 15 e os 49 anos -, não deverá ser inferior a 2,1 filhos por mulher, no entanto, desde 1983, de acordo com o Pordata, que esse número se encontra abaixo de 1,96 filhos por mulher, desde então os números tem caído drasticamente, estando atualmente fixado em 1,3 filhos por mulher. Assim, concluímos que desde há 33 anos que não conseguimos garantir a substituição plena de gerações. Isto origina que apesar de cansados, os nossos idosos são obrigados a trabalhar durante muito mais anos, o que pode inclusive significar uma redução da produtividade portuguesa.
Então e o que leva à diminuição da natalidade e consequentemente ao envelhecimento da população?
O aumento das habilitações literárias da mulher e sua consequente emancipação são um dos primeiros fatores apontados para a diminuição da natalidade. O que acontece é que com a mulher a trabalhar fora de casa existe, por um lado, menor disponibilidade financeira para a família garantir a segurança da prole, ou seja, se não é a mulher que toma conta dos filhos existe necessidade de procurar fora de casa esse apoio que normalmente acarreta custos elevados, e por outro lado, menos disponibilidade para educar os mesmos, o que leva a um maior planeamento da família, contrariamente ao que acontecia há 40. O aparecimento e massificação dos métodos contracetivos e o casamento tardio, são também chamados a depor nesta situação, no entanto, considero, e falo como mulher que já adiou a maternidade algumas vezes – tendo em conta que moro em união de facto há mais de 8 anos e ainda não possuo descendência – é a situação instável que se vive. Se é verdade que o desemprego desde 2013 tem vindo a diminuir, a verdade é que ainda não diminuiu o suficiente para dar segurança às famílias para aumentarem e as políticas de apoio à natalidade não permitem balançar a instabilidade que se vive.
Em suma, com o número de idosos a aumentar e os nascimentos a diminuir, aumenta o esforço da Segurança Social que não tarda não irá conseguir garantir sustento aos demais, uma vez que erradamente se pensa “descontei a vida toda para agora receber esta miséria”, na realidade quando estes idosos estavam em idade ativa estavam a pagar as reformas dos idosos daquela época, e são os jovens de hoje que pagam as reformas dos idosos atuais, ou seja, com o desemprego a aumentar, com os jovens em idade ativa a diminuir, a situação irá tornar-se insustentável. É por isso urgente a criação de medidas VERDADEIRAS de incentivo à natalidade e não prémios de consolação como é o que na realidade acontece. Porque não se esqueçam, ser mãe e pai é uma opção, não é uma obrigação, mas a nossa geração está significativamente comprometida.
Que acham que poderá ser feito para contrariar este panorama assustador?