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Aprender uma coisa nova por dia

Nem sabe o bem que lhe fazia

as calorias são todas iguais?

quando começamos a querer emagrecer, por qualquer motivo (normalmente porque estamos gordos) damos connosco embrenhados num mundo de calorias que, na maior parte das vezes, antes dessa tarefa hercúlea de emagrecimento, preferimos ignorar.

e é nestas alturas que, quando damos conta, estamos a comparar a nossa salada, escolhida no "vitaminas" (só com produtos saudáveis) com o big mac do nosso namorado e a constatar tristemente que a nível calórico a coisa não é assim tão diferente. evidentemente que nesse momento ficamos deprimidos e achamos que se nos mantivermos no nível calórico estabelecido (por exemplo mil calorias) podemos comer o big mac e vamos emagrecer na mesma!

era o eras!

na verdade meus senhores, como já deverão saber, as calorias não são todas iguais. ou melhor, o impacto dos alimentos no nosso corpo, dependendo da sua constituição não é igual: o impacto de uma caloria proveniente de hidratos de carbono não é igual ao impacto de uma caloria proveniente de proteína ou de gordura.

vamos imaginar que temos cerca de oitocentas calorias de azeite, oitocentas calorias de carne e oitocentas calorias de farinha. qual delas terá maior impacto no aumento do peso? (parece aquela questão de: o que pesa mais, um quilo de lã ou um quilo de ferro?)

evidentemente que todos pensamos que o azeite, por ser gordura, será o que terá maior impacto e nos porá gordas mais rapidamente. mas estamos enganados.

na verdade, o corpo humano metaboliza os três macro nutrientes acima enumerados de forma diferente, tudo dependendo da quantidade de glicose que cada um deles consegue induzir na corrente sanguínea. e são os hidratos de carbono que, depois de digeridos, induzem glicose na corrente sanguínea, tendo-se de armazenar o excesso de glicose no tecido gordo.

para se compreender melhor isto foi feito há uns tempos uma experiência muito simples: colocaram dois grupos de pessoas a comer o mesmo número de calorias mas em diferentes alimentos. o primeiro grupo tinha à sua disposição uma refeição com um índice glicémico alto (alimentos que alteram muito rápido o índice de açúcar no sangue) e o segundo uma refeição com um índice glicémico baixo (alimentos que alteram lentamente o índice de açúcar no sangue).

depois dos dois grupos se refastelarem foi medido os níveis de açúcar dos participantes e constatou-se a beleza seguinte: o primeiro grupo tinha 2.4 vezes níveis maiores de açúcar no sangue do que o segundo grupo. e o que é que isso significa? perguntam vocês com um mil folhas na mão. pois que significa que o primeiro grupo tem probabilidade de armazenar mais duas vezes ponto quatro gordura que o segundo grupo.

e o mais bonito disto tudo? é que quatro horas após a refeição o primeiro grupo disse que tinha mais fome que o segundo grupo. vêem que belo? (agora pousem lá o mil folhas e alterem a ementa da massa à bolonhesa do jantar).

 

assim sendo, em resposta à pergunta acima (não me esqueci dela), já todos sabemos que as mil calorias de farinha têm um impacto muito maior no aumento de peso. na verdade, são os hidratos de carbono refinados, como farinha, massa, arroz, açucares que aumentam o nível glicémico e é por isso que alimentos destes são mais propensos a engordar.

 

outro exemplo bastante usado para demonstrar que as calorias não são todas iguais (e que não é por enfardarmos só oitocentas calorias por dia que vamos necessariamente emagrecer) está directamente relacionado com o modo como as mesmas se determinam nos alimentos.

vamos imaginar que temos uma bola de berlim, daquelas mesmo boas na mão. (já está imaginado?) como é que se determina quantas calorias vamos enfardar ali mesmo?

fácil: arde-se a bola de berlim! e enquanto a desgraçada se queima (mal empregadinha) mede-se o calor libertado. é a partir daí que se determina quantas calorias tem.

agora, se comermos a bola de berlim em vez de a queimarmos (muito mais recomendado) também a queimamos no processo digestivo? é evidente que não! (a não ser que estejamos apaixonados e o nosso estômago arda). como é lógico, as reacções bioquímicas envolvidas na digestão da bola de berlim são diferentes da queima da desgraçada e não libertam as mesmas calorias.

significa isto que não se pode assumir que o corpo humano é uma máquina termodinâmica e que rege pelas leis da termodinâmica. a maneira como o nosso corpo produz energia a partir das calorias que consumimos não é igual a um motor de combustão interna do nosso carro.

 

logo, deixo-vos este conselho, com toda a boa vontade de quem vos estima e vos quer ver magros e lindos a calcorrear a cidade: não vão na cantiga de que se querem emagrecer a única coisa a fazer é ingerir menos calorias do que as que gastam! há muito mais coisas a ter atenção.

 

ah! e uma bola de berlim com creme de cem gramas (que normalmente têm bem mais) tem 420 calorias! muito acima da vossa corridinha de vinte minutos!

 

até à próxima meus senhores. alguma coisa estou ali em baixo, na caixinha dos comentários.

 

fontes :

*Gary Taubes, livro:  Why we get fat and what to do about it.

* Effects Of Dietary Glycemic Index On Brain Regions Related To Reward And Craving In Men (The American Journal Of Clinical Nutrition), June 13, 2013.

*site: emagrecerdevez.com

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