5 Regras para emprestar livros
Eu gosto muito de ler e gosto muito de partilhar os livros que leio. Cada livro é uma viagem que merece ser feita por mais de uma pessoa. Não gosto que os livros morram nas estantes (mania minha) e quanto mais gosto do livro, mais acho que merecem novas vidas (novos olhos, novas mãos). Por isso não tenho pudor nenhum em emprestá-los. Riscar o "nenhum". Não tenho pudor em emprestá-los seguindo algumas regras preciosas:
1. Despir o livro.
Que é como quem diz, por educação (e recato) retirem marcadores que não pertencem ao livro (e faturas que serviam de marcador) ou qualquer outra coisa que tenham deixado no meio enquanto o liam (o passe?). Uma vez peguei num livro meu e encontrei uma nota. Foi uma sensação boa, mas fiquei feliz por não o ter emprestado antes de volta a pegar nele...
2. A pessoa certa.
Não é física quântica nem um exercício para encontrar uma alma gémea, é fácil encontrar pessoas adequadas a quem emprestar os livros e não tem nada a ver com a sua rapidez de leitura. Tem a ver com a regularidade com que vêem essa pessoa. Se a vêem frequentemente ou se conhecem minimamente, força. Se é aquela pessoa que adora ler, mas mora em Travincos e não sabem se mais alguma vez a vêem, pensem duas vezes. Claro que também convém que tratem bem dos bens alheios e que o devolvam com moderada rapidez, mas isso acaba por ser secundário face à possibilidade de nunca mais verem o livro.
Não é por não confiarem na pessoa a quem emprestaram o livro, é mesmo por não confiarem na vossa memória. E às tantas andam a revirar a casa para emprestar o livro X a alguém e já o tem emprestado a outra pessoa só que não se lembram. Ou lembram-se, mas não sabem quem é. E às tantas até a pessoa que tem o livro já não se lembra de quem lho emprestou. Por caridade, abram uma folha de Excel e apontem os livros emprestados - aos outros e a vocês (com data).
Não faz mal pedir o vosso livro de volta. A outra pessoa sabia que não era uma oferta e sim um empréstimo. E se precisam dele ou o querem de volta por já ter passado muito tempo, não faz mal nenhum que o peçam. Garanto que se passaram três anos (e sabem porque apontaram certo? nada de confiar na memória) a outra pessoa já não o vai ler. E às tantas até fica aliviada.