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Aprender uma coisa nova por dia

Nem sabe o bem que lhe fazia

os dez tratamentos mais dolorosos da idade média

toda a gente sabe que um post a sério tem de ter uma introdução. quando eu andava na escola primária as minhas redacções tinham sempre a mesma introdução. imaginemos que era sobre o cão. a MJ tinha a sua introdução na cabeça e usava-a: "eu gosto do cão. o cão é um ser vivo que é importante na vida. o cão ladra e tem pelo. eu tenho um cão" e ai por diante. o mesmo se fosse sobre o sol: "eu gosto do sol. o sol é uma estrela que é importante na vida. o sol tem luz e é quente. eu não tenho um sol mas gostava". ou ainda sobre a casa "eu gosto da minha casa. a minha casa é uma moradia que é importante na minha vida. a minha casa é grande e tem um jardim. a minha casa tem janelas e é bonita. eu tenho uma casa". como se pode ver a introdução dava para qualquer tema e enquanto os meus colegas andavam às voltas e voltas para começar eu já tinha metade da redacção feita. até que houve uma altura em que a minha professora se fartou e me mandou escrever sobre o dia mais importante da minha vida. saiu uma bosta parecida com a seguinte: eu gosto do dia mais importante da minha vida. o dia mais importante da minha vida é importante e bonito. o dia mais importante da minha vida é um dia. eu tenho um dia mais importante da minha vida.

nessa altura percebi que o conteúdo prevalece em relação à forma e deixei de escrever assim. foi uma grande lição. infelizmente nem toda a gente passou por ela, mas isso já são outras histórias. 

em conclusão, não posso começar esse post com "eu gosto da idade média. a idade média é uma idade e tem métodos de tortura" para vos dizer que o assunto que vos trago hoje é sobre... os dez tratamentos médicos mais dolorosos usados na idade média. (sim, sim, eu sei que não tem nada a ver com o que costumo escrever mas "GAME OF THRONES estreia hoje em portugal e estou inspirada).

preparados? vamos lá então:

 

10.º - uma dor maior para aliviar outra dor

como é evidente, os médicos da altura não tinham grande conhecimento sobre o corpo humano. nem anti-sépticos ou anestesia. logo... se fosses uma pessoa com uma infecção na perna, o facto de ires ao médico não só não a iria aliviar como, bem, enfim, podia aumentar a mesma (o que bem vistas as coisas, não é assim tãaaaaaaaaoooooooooo diferentes das infecções hospitalares actuais). além disso, se inicialmente eram os monges e gente ligada à igreja que fazia os tratamentos, visto ser quem tinha acesso a livros e algum tipo de informação, em 1215 o papa veio proibi-los de tal, uma vez que não trabalhos dignos do clero. ou seja, deixámos de ter monges a fazer... hum... operações (basicamente cortar coisas infeccionadas) e passámos a ter agricultores, visto que estes tinham conhecimento de animais.

não devia ser magnifico? "oh pá, quando eu corto uma minhoca ao meio ela continua a mexer... não percebo porque é que este se finou!"

 

9.º - anestesia... mortal!

a cirurgia na idade média era usada só em caso de vida ou morte. na mesma proporção inversa das operações actuais de aumentos mamários. portanto, como também não havia anestesia nos termos em que a conhecemos hoje (a não ser as sempre eficientes pauladas na cabeça) eram usadas para esse fim poções. ou seja, quando se tinha de, sei lá, amputar um braço por estar a cair recorria-se a poções que podiam aliviar a dor. a anestesia mais fabulosa era uma poção que juntava cicuta, vinagre, vinho, alho, ópio e era dada antes da "cirurgia". (qualquer coisa ao estilo dos medicamentos de emagrecer de hoje em dia). é evidente que com cicuta muitos pacientes não acordavam durante... nem depois da operação.

o que, bem vistas as coisas, tornava a poção extremamente eficaz!

 

8.º - tratamento da peste negra

ah, a famosa peste negra, que tanto precisávamos actualmente em algumas assembleias da republica! (vá, também não querem que explique o que foi, certo? têm obrigação de saber a não ser que tenham menos de dez anos).

a peste negra foi vista, por muita gente, como um castigo de deus. como tal, a pessoa que apresentasse sintomas devia confessar-se e passar algum tempo com o padre, na expectativa de ser perdoada dos seus pecados e o castigo levantado. (claro que não só a doença permanecia, como o padrezinho também era picado pela pulguita da peste e infectado).se haviam mais opções? sim, sim! ser morto na fogueira ou ser exilado.

o que, sejamos francos podia ser um método bom de acabar com a doença, visto que se evitaria a propagação.

 

7.º - operação à catarata

a catarata (não são aquelas coisas de água, vá) é uma doença dos olhos que causa problemas de visão e até mesmo cegueira. actualmente a operação é um procedimento simples (já toda a gente esteve com alguém que tenha feito) e rápido. mas na altura? como se tratava? ah a beleza: enfiava-se um ferro ou agulha na córnea. não era bem? o objectivo era forçar a lente do olho a chegar até ao fundo para depois inserir uma seringa no olho e extrair a catarata. tão lindo!

(não consigo alongar-me muito sobre isto porque tenho pânico de olhos, a sério, não perguntem)

 

6.º -  bexiga bloqueada

na altura, a sífilis, essa doença tão actual, andava assim, de corpo em corpo. e como não havia antibióticos não era muito fácil de travar, certo? ora, como a maravilhosa da sífilis criava um bloqueio na bexiga surgia a necessidade de se introduzir um cateter urinário pela uretra até à bexiga do paciente. acontece que o plástico, essa maravilha da natureza ainda não andava por aí aos trambolhões. logo, o cateter era de metal. e não estava desinfectado. e não era fininho... ou lixadinho. e agora perguntais vós: mas MJ, era sempre assim? tinha-se sempre essa vontade de empurrar qualquer coisa uretra acima? não. e é por isso que se espetava directamente o dito na bexiga!

o que não devia causar nenhuma infecção... nem nunca se falharia no alvo ou se espetaria noutro órgão do lado... não!

 

5.º -  processo de remover flechas

a flecha entra na carninha (sim, todos sabemos que as bombinhas nucleares são mais eficazes, mas pronto, era o que havia). como remover a dita? que pergunta parva: puxava-se! ah, e a ponta da flecha, não ficava dentro do corpo? sim, claro, na maioria das vezes. então e não havia ninguém que pensasse numa solução melhor? havia e houve: a colher removedora de flecha!!! sim, isso mesmo, uma colher no sitio da flechada, a cavar na carne, até se descobrir a cabeça da dita. tudo a frio.

devia ser tão bom!

 

4.º - sangria

não, não era vinho com fruta e açúcar amarelo. era mesmo cortar e sair sangue. hoje em dia ainda é feita por gente depressiva que se corta com carinho. no entanto, naquele tempo era mesmo a cura que os médicos entendiam ser mais eficaz para todas as doenças, uma vez que se achava que as maleitas eram causadas pelo excesso de liquido no corpo. logo tirava-se sangue dos pacientes. como? simples: i) com sanguessugas, ii) fazendo um corte na veia do paciente e retirando sangue. 

uma limpeza.

 

3.ª - preparação para o parto

pois, eu sei. pensais vós que era ir ao centro de saúde aprender a  respirar com força e ouvir que as cesarianas não prestam? não, não! as mulheres na idade média eram preparadas para contarem em morrer durante o parto. na verdade, parir e morrer era tão comum que a igreja facultava tutoriais de "como se preparar para a morte". era tão fantástico e tão eficaz que a igreja decidiu mesmo que as parteiras mais experientes, que usavam métodos para aliviar a dor, deviam ser caçadas como bruxas (daqui a uns mil anos talvez se diga o mesmo em relação a quem apregoa a cesariana como o mal do mundo, mas esta é só a minha opinião, vá, façam de conta que não leram isto). ah, já me esquecia. se o bebé morresse durante a gravidez era usada uma faca para desmembrar o feto e ser mais fácil a sua expulsão. 

as maravilhas da maternidade!

 

2.º - clisteres

aparelho medieval como supositório: um aparelho que enfiava coisas no rabo no sentido de ajudar no processo de libertação. (perdoem mas o blog não é meu e custa-me usar a palavra merda). basicamente, o aparelho tinha uma espécie de cano e um reservatório onde estavam os líquidos que serviam de remédio. depois de enfiar o cano alguém bombeava os líquidos até os mesmos serem todos absorvidos pelo paciente. e agora perguntam vocês: mas que líquidos eram esses MJ? ah, pois, esse é o centro da questão: água morna com sal, bicarbonato de sódio ou sabão. limpava tu-di-nho meus senhores, tu-di-nho. e ainda se arriscavam a ficar a cheirar bem! dois em um.

por outro lado, alguns médicos usavam coisas mais avançadas como misturas de café, farelo de trigo, mel, erva ou camomila. era uma espécie de... pequeno almoço fit, dos dias de hoje!

 

1.º - tratamento de hemorróidas

vou directa ao assunto: o tratamento consistia em queimar as hemorróidas com um ferro quente. o ferrinho era aquecido à temperatura de mil graus célsius (pelo menos ficava desinfectado) e era... encostado ao ânus até queimar as ditas.

aliás, por falar em coisas quentes e ânus quero acabar este post deprimente (espero não ser expulsa por isto) com a história da pedra milagrosa das hemorróidas: uma vez um  monge que cultivava o seu jardim percebeu que estava uma pedra muito quente, do sol, no chão. então, como tinha hemorróidas decidiu enfim, encostá-la ao rabo para queimar as mesmas. diz-se que a coisa resultou e durante muito tempo muita gente decidiu sentar-se em cima da pedra para curar essa maleita, na espera do milagre do rabo!

há milagres para tudo, meus senhores, para tudo. 

 

então, conclusão:

- se gostas das cinquentas sombras de grey e achas a dor sexy;

- se achas que ir ao dentista é muito complicado;

- se pensas que o ditado "não morre da doença, morre da cura" não existe...

 

DEVIAS TER NASCIDO NA IDADE MÉDIA!

 

até à próxima, gente!*

 

MJ

 

*por favor não me expulsem daqui, vá lá!

 

fonte: canal do youtube "você sabia?"

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