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Aprender uma coisa nova por dia

Nem sabe o bem que lhe fazia

o que aconteceu, afinal, no voo 370 da malaysia airlines?*

*post gigantesco para gente que gosta de aviões e teorias da conspiração

 

aeroporto kuala lumpur na malásia. 8 de março de 2014. voo nocturno, n.º 370 da malaysia airlines com destino a pequim. 227 passageiros. 152 de nacionalidade chinesa.

piloto: zaharie ahmad shah há 33 anos na companhia; co-piloto fariq abdul hamid: primeira vez que vai pilotar um boeing 777 sem instrutor.

o voo descola, sem qualquer problema, por volta da meia noite e quarenta minutos. o avião, um boeing 777, é um do mais automatizados do mundo, exigindo apenas à tripulação que introduza a localização do ponto de navegação no computador de bordo. a partir daí o voo segue a rota definida, no caso para nordeste sobre o golfo da tailândia, antes de continuar para pequim.

a viagem tem a duração de seis horas. vinte minutos depois da descolagem o 777 atinge a velocidade de cruzeiro, sem se verificar qualquer aspecto anormal. em kuala lumpur os controladores só seguirão o avião enquanto o mesmo estiver no espaço aéreo da malásia sendo que à medida que o avião atravessa o golfo da tailândia os controladores no vietname assumirão essa tarefa.

por volta da uma hora e dezanove minutos é feito um contacto pelos controladores. nada de anormal a apontar, sendo as palavras trocada  absolutamente banais. espera-se que  a tripulação contacte os controladores vietnamitas dentro de um minuto.

dezanove minutos depois não havia ainda sido feito qualquer contacto por parte do voo. nem nunca se verificou. o 777 simplesmente desaparece no ar sem nunca mais ser visto ou recuperado.

 

a partir desse momento o mundo entra em pânico. o que é que aconteceu? como pode um avião simplesmente desaparecer no ar? como é que em pleno ano de 2014, num mundo cheio de radares e comunicações, satélites e gps, simplesmente desaparece, sem deixar qualquer rasto um avião cheio de pessoas?

o post de hoje (longo demais, na verdade, mas as circunstâncias assim o obrigam) debruça-se exactamente sobre as teorias e as conclusões a que se chegou sobre o desaparecimento do voo. porque as perguntas nunca cessaram. o que é que aconteceu ao maldito avião? despenhou-se? mas onde? foi raptado por extraterrestres? caiu numa ilha e as pessoas estão lá à espera de ser salvas?

infelizmente, a resposta é bem mais triste do que qualquer uma destas, bem mais aterradora como irão ver a seguir.

 

*a primeira teoria: o avião despenhou-se no golfo da tailândia

após o desaparecimento iniciaram-se as buscas no mar. o voo deixou de emitir qualquer sinal quando voava sobre o golfo da tailândia pelo que foi por ai que se iniciou a busca. china, austrália, eua, malásia uniram esforços na sua busca, sem no entanto, conseguirem qualquer resultado. o sitio onde o avião havia desaparecido tem uma cobertura limitada de radar (os sistemas de radar cobrem apenas cerca de 10% da superfície da terra sendo que, para além dos radares dos navios, não há outros a cobrir os oceanos). nenhum navio na região teve qualquer sinal. não se vêem detritos a flutuar.

nesta altura, e numa verdadeira corrida contra o tempo, os peritos recorreram a outra tecnologia: o ACARS, um sistema de comunicação que usa satélites para transmitir a informação entre o solo e o avião em voo, criado para ser um elo entre o avião e a terra. a particularidade do ACARS é que o mesmo não fornecendo dados constantes de localização do avião (através deste sistema não podemos saber onde o mesmo está) fornece informação vital sobre o seu desempenho, incluindo o nível de combustível.

recorrendo ao ACARS os investigadores esperam calcular durante quanto tempo o avião pode ter voado, após a última comunicaçao. No entanto, como não conseguem saber o rumo do voo, as buscas, infrutíferas, continuam no golfo da tailândia.

 

*a segunda teoria: foi sequestrado

sem conseguir chegar a qualquer conclusão, permanecendo o mundo em pânico acerca da possibilidade de se perder um avião com mais de duzentas pessoas, os investigadores não descartam nenhuma pista, nenhuma tese: depois de analisar exaustivamente todos os passageiros acabam por descobrir que dois deles entraram ilegalmente no avião, com passaportes roubados.

esta descoberta foi a catapulta para se desenvolver a ideia de que o avião havia sido sequestrado e que, mais cedo ou mais tarde, se exigiria um resgate pelos mais duzentos passageiros. as famílias respiraram de alivio, numa esperança crescente, apesar de todos saberem o triste fim de um dos sequestros de aviões mais famosos de sempre: o do 11 de setembro.

infelizmente nenhuma exigência foi feita. começa por isso a congeminar-se que o sequestro teria corrido mal e o avião ter-se-ia despenhado (o que levou a um duplo desespero das famílias). surgiram noticias que avançavam que se o avião tivesse dado a volta, naquele sitio, por ordens de sequestradores, o mesmo poderia ter caído nas selvas da malásia ou da indonésia pelo que as buscas estavam a ser mal direccionadas. em onze de março são revelados dados nos radares que sustentam ainda mais a teoria do sequestro: três minutos após a ultima transmissão via rádio o voo 370 desviou-se acentuadamente do trajecto.

o mundo espera com expectativa que a teoria se confirme. no entanto, para os peritos da aviação esta ideia não é viável. isto porque os pilotos têm vários modos de enviar sinais de emergência para o solo. é possível falar pela rádio, mandar sinais através de frequências de emergência, inserir algo no sistema ACARS e existe mesmo um código que se pode inserir no transponder que avisa instantaneamente o mundo da aviação quanto ao sequestro. é o chamado "squawking" - o envio de uma frequência especial para a torre de controlo e para a companhia aérea a transmitir o código de sequestro. ora, este sinal nunca foi recebido por ninguém. nem este sinal nem qualquer outro alerta que pudesse confirmar esta teoria.

por fim, pondo completamente por terra esta teoria, uma investigação policial descobre que os dois passageiros que voavam com passaportes roubados não tinham qualquer ligação terrorista, assim como qualquer pessoa no avião.

 

*a terceira teoria: emergência geral

depois de se ter descartado, de alguma forma, a ideia de sequestro, os investigadores redireccionam novamente as suas atenções para os radares. é nesta altura que descobrem que dois minutos antes da última comunicação o transponder (sistema que transmite a informação para terra como o número de voo, a posição etc. e que é imprescindível para localizar o avião) do 370 foi cortado. pior que isso é que após este corte também o sinal do sistema ACARS foi desligado, o que os deixa perplexos pois exige sérios conhecimentos que, presumiam, pouca gente tem.

do mesmo modo, conclui-se que para ambos os sistemas se desligarem em decorrência de alguma anomalia, esta não poderia ser rotineira. teria de ser necessariamente uma emergência geral, como por exemplo um incêndio a bordo que danificaria múltiplos sistemas, incluindo evidentemente os electrónicos. passa-se portanto, a analisar a lista de carga do voo chegando-se à conclusão que o avião levava carga potencialmente perigosa: 220 quilos de baterias de iões de lítio altamente inflamáveis.

a teoria do incêndio, agora reforçada, justificava assim, não só a falha abrupta de todos os sinais como ainda a curva abrupta do avião à esquerda, uma vez que o piloto poderia ter tentado regressar ao aeroporto ou preparar uma aterragem de emergência.

o único problema, que acaba por destruir esta teoria, é que para além de não ter havido qualquer comunicação via rádio, foi descoberto algo chocante que, mais uma vez, reacendeu a esperança das famílias: em londres, uma equipa de engenheiros da inmarsat descobriu, entre os dados do ACARS, uma série de sinais automáticos ou "handshakes"ou "pings" recebidos do voo 370, pasme-se, muito depois de se presumir que este se despenhara. 

dito por outras palavras, o avião continuou a enviar um sinal de serviço não durante minutos mas durante mais de sete horas após desaparecer do sistema de radar (desde as 2h25 até às 8h19). ou seja, o voo 370 não se despenhou no golfo da tailândia mas esteve a voar todo aquele tempo

consegue-se acreditar nisto? como é que um incêndio ou uma catástrofe geral no avião se coaduna com sete horas do mesmo no ar, sem se despenhar? impossível pelo que também esta teoria é descartada.

 

* a quarta teoria: hipoxia por falta de pressurização

depois de se perceber os "pings" ou "handshakes"durante sete horas consegue calcular-se a correspondência entre as horas e dados anteriores do ACARS quanto ao consumo de combustível: e o avião tinha mesmo combustível suficiente para continuar a voar em piloto automático durante todo aquele tempo. mas, assim sendo, o que é que se passou a bordo durante esse espaço temporal? para além da informação de que ele percorreu sete horas numa certa direcção, voando milhares de quilómetros, como saber se, durante esse tempo, havia ou não sobreviventes? e como é que isto acontece? o que é que leva a que isto ocorra? como é que se deixa o avião em piloto automático sete horas, até o combustível acabar e os motores se desligarem colocando o avião em descida espiral até se despenhar?

é nesta fase, e tentando dar respostas a estas questões, que se suspeita de algo que já acontecera noutro voo (o voo 522 da helios): ausência ou falha da pressurização da cabine (por qualquer motivo) e descida dos níveis de oxigénio até a hipoxia: dores de cabeça, confusão, dificuldade em compreender o que se passa, perda de memória, falta de ar, acabando por levar à inconsciência.

as pistas encaminham nesse sentido: o avião ia a 10.600 metros de altitude (altura superior ao monte everest). uma falha origina a despressurização e consequente falta de oxigénio, o que leva à inconsciência de todos (tripulação e passageiros) permanecendo o avião em piloto automático durante o tempo que tem combustível (as tais sete horas) até se despenhar na falta do mesmo. 

mas que falha, que motivo leva à hipoxia e à perda dos sinais?

 

* a quinta teoria: a mais triste

os investigadores concluem, para tristeza de toda a gente, que apesar da hipoxia ser uma teoria aceitável, a desorientação provocada por ela não é consistente com as curvas feitas pelo avião e que não estavam programadas no computador. na verdade, o voo fez três curvas durante a hora e meia seguinte à última transmissão de rádio. primeiro virou à esquerda e depois fez o mesmo mais duas vezes levando o avião para oeste numa primeira fase e depois para sul, rumo a antártida.

mas quem fez estas curvas? e porquê?

é verdade que se uma falha catastrófica existisse e os sistemas fossem abaixo os pilotos poderiam ficar confusos, fazendo deslocações do avião. mas quando consideramos todos os factos do voo sabemos que esta hipótese não é plausível:

i) o 777 foi criado para ter vários sistemas de apoio fazendo com que seja extremamente improvável que um número de sistemas falhe e ponha o voo em risco. ii) a ideia de falha geral não é consistente com o facto de o avião ter continuado a voar durante sete horas.

nesta altura, depois de todas as teorias de falha mecânica ou catástrofe geral caírem por terra, é avançada a hipótese mais chocante e triste até então: o voo 370 caiu devido a um acto humano deliberado.

é que reparem, os dois sistemas que falharam ao mesmo tempo - o transponder e o ACARS - têm como único propósito comunicar com o solo. além de que não se vislumbra qualquer falha eléctrica óbvia que faça falhar os dois a não ser... por acção humana.

conclui-se que alguém quis mesmo fazer desaparecer o avião. e esse alguém seria da tripulação. o que não é inédito. até 2014 seis acidentes, em todo o mundo, nos últimos quarenta anos, envolveram acção humana deliberada. ultimamente, todos nós assistimos com horror a mais um, ainda que não provado, que matou 150 pessoas nos alpes.

analisados os acidentes "propositados" constata-se que em muitos casos estes parecem ser impulsivos. mas em dois deles (possivelmente três, se tivermos em causa este último em 2015) embora os pilotos ou co-pilotos causadores dos mesmos estivessem a ter problemas psiquiátricos, planearam tudo cuidadosamente e quiseram deliberadamente ocultar as suas acções. no voo 185 da silk air, por exemplo, em 19 de setembro de 1997, o avião mergulhou a pique até se despenhar no mar tendo os investigadores descoberto que i) os gravadores de voz das caixas negras haviam sido desligado momentos antes; ii)o piloto do avião, tsu way ming, perdera recentemente mais de um milhão de dólares na bolsa tendo de pagar a divida.

 

assim, crê-se agora que o acidente do voo 370 foi intencional, causado por um dos pilotos. acredita-se que o comandante tenha dado uma desculpa para que o primeiro oficial saísse do cockpit (anto mais que tem autoridade sobre o mesmo). sozinho, seria simples desligar o transponder e alterar o trajecto rumo a uma área com pouca cobertura de radar. poucos minutos depois ele poderá ter tentado desligar o ACARS sem perceber que parte do sinal ficaria a transmitir. na verdade, não dá para desligar os "handshakes" com a inmarsat sem mexer realmente nos componentes electrónicos do avião, pelo que os mesmos continuaram a ocorrer. acresce que um piloto pode impedir (como bem descobrimos nos últimos dias) que a porta do cockpit seja aberta do exterior.

tendo em conta este cenário seria improvável que mais alguém a bordo desse sinal de alarme. o uso de um telemóvel por parte da tripulação, na cabine, para terra seria um fracasso. e para completar, a pressão do avião pode ser ajustada manualmente, pelo piloto, o que levaria à hipoxia, neutralizando assim todos os membros da tripulação. mesmo quem consegue colocar as máscaras tem apenas doze minutos de oxigénio.

durante hora e meia seguinte o avião dá várias voltas acabando por seguir em direcção à antártida. e tudo isto leva a que se acredite que quem o fez quis que o avião desaparecesse propositadamente. é difícil perguntar quem queria isto. o primeiro oficial era exuberante, com o casamento marcado, não havendo qualquer indicio que levasse a fazer o mesmo. mas também não se descobriu qualquer indicio que levasse o comandante a querer desaparecer com o avião e acabar com a vida.

 

ainda assim, colhidas todas as provas, a teoria que se chega é que alguém, com grandes distúrbios psiquiátricos tenha deliberadamente planeado tudo isto. e a conclusão, que assusta toda a gente mas que é real, é que as falhas humanas podem ser virtualmente impossíveis de prever. os seres humanos são criaturas imperfeitas. podemos aprender sobre as características das pessoas que fazem isto. mas não podemos prevê-lo de forma absoluta.

 

e a prova é que pouco mais de um ano depois, assistimos, com horror, à queda de um airbus nos alpes, concluindo-se através da audição das caixas negras, que foi causado pela acção deliberada do co-piloto, após o piloto se ter ausentado do cockpit.

 

é por isso meus senhores, que não obstante o avião continuar a ser um dos meios de transporte mais seguros de sempre, o melhor mesmo é reforçarmos a nossa fé antes de voar num, rezando muito para não termos a infelicidade de nos cruzarmos com alguém com ideias de se transformar em pó a pilotar a máquina!

 

bons voos e boa páscoa.

 

MJ

 

P.S. - adição da fonte, que me esqueci completamente e pelo qual peço desculpas: "mayday, desastres aéreos - NGC

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